A Epidemia Silenciosa: a Hepatite C e o acesso a medicamentos no Rio de Janeiro

A Hepatite C (Vírus HCV) é um desafio global à saúde pública, tendo afetado, estima-se, cerca de 200 milhões de pessoas ao redor do mundo. Também é comumente chamado de “uma epidemia silenciosa”, já que muitos que a contraem podem permanecer sem diagnóstico por anos. No Brasil, estima-se que cerca de três milhões de pessoas contraem o vírus, apesar de apenas dez a doze mil receberem a medicação necessária para salvar as suas vidas.

Enquanto o Ministério da Saúde Brasileiro lançou uma campanha de prevenção, o maior desafio que hoje assola o país ao que se refere à Hepatite C é necessariamente o acesso a medicações eficientes e acessíveis. Este fato não apenas gera preocupações de curto prazo com relação à saúde imediata da população, mas também posiciona o país no desafio de suportar o fardo da doença a longo prazo, em sua fase aguda, elevando consideravelmente os gastos em tratamento.

Ainda em 2008, companhias farmacêuticas enxergaram o Brasil como um dos mais promissores mercados farmacêuticos do mundo, especialmente por notar a extensa e crescente população infectada com o vírus da Hepatite C. Empresas multinacionais atualmente dominam mais de 85% do mercado de medicamentos HCV no país.

Os medicamentos que estão disponíveis hoje, como o pegylated interferon, têm no máximo 45% de taxa de cura, e submetem os pacientes a injeções abdominais semanais, além de severos efeitos-colaterais, aos que são possibilitados de continuar o tratamento. Novas e mais eficientes drogas de consumo oral, a exemplo do sofosbuvir (cujas marcas são Sovaldi e Virunon) têm entrado no mercado global. Em testes, sofosbuvir demonstra 90% de possibilidade de cura com poucos ou quase nenhuns efeitos colaterais.

Contudo, sofosbuvir custa em torno de USD 84.000 dólares nos Estados Unidos, o que custeia 12 semanas de tratamento, tendo em conta o valor unitário da pílula, de USD 1.000.

Que opções o Brasil tem para resolver o problema da Hepatite C? Que opções têm os milhões de brasileiros vivendo com essa doença?

Em agosto de 2014, o Programa de Narrativa e Prática Documental da Universidade de Tufts, em colaboração com a Open Society Foundations, uniu seis estudantes de Tufts e seis estudantes brasileiros para criar narrativas baseadas nos pacientes, no intuito de tratar sobre o tema da Hepatite C, bem como sobre a falta de acesso às drogas mais acessíveis. O objetivo desse projeto é, portanto, colocar uma faceta humana nesta “Epidemia Silenciosa”.

 

Agradecimentos especiais para:

Brett Davidson from Open Society Foundations

Gabriela Chavez from Fiocruz

Eloan Pinheiro from FarManguinhos

Patricia Durovni from Maria do Socorro Family Clinic in Rocinha

Felipe de Carvalho from Intellectual Property Rights for ABIA

Heather Barry from Tufts University IGL